Filme: esta, apesar de ser a categoria principal, é a mais simples de se ganhar. Estou falando sério. Se você não que correr riscos de perder o Oscar de melhor filme, aposte na adaptação de um best-seller que já tenho ganho vários prêmios ou na biografia de uma figura histórica pouco conhecida, mas que teve um papel fundamental na luta pela liberdade de sua terra e seu povo. O importante é que a história se passe antes da década de 1950 - sabe como é, a Academia não gosta muito de coisas "atuais" ou "modernas". Depois de escolher o conteúdo, é hora de cuidar da embalagem. O seu filme tem que ser qualificado com adjetivos como "primoroso", "elegante" ou "um esplendor". Para tal, escolha locações maravilhosas, que serão ainda mais valorizadas pela ótima fotografia. Tenha um figurino belíssimo, cenários impressionantes, uma reconstituição de época perfeita e uma trilha sonora que sublinhe os momentos mais dramáticos. E, por favor, não abuse dos efeitos especiais.
Direção: o segredo para ganhar é mostar sua versatilidade. Se você sempre fez filmes policiais, aposte em um drama. Se o seu negócio é o estilo fantástico, então faça um épico histórico (de preferência sobre a II Guerra Mundial) com cenas realistas e chocantes. Se você era um diretor de filmes trash, faça a adaptação requintada descrita acima. Não tem erro. Assim que você fizer um filme que fuja ao seu estilo, a Academia te dará um prêmio.
Roteiro: tente adaptar o livro para o filme descrito acima. Com certeza a categoria Roteiro Adaptado será sua. Já para o Roteiro Original, aposte em uma coisa bem diferente e moderna. Eu sei que disse anteriormente que a Academia não gostava de coisas atuais e modernas, mas isso é só para os filmes. Os roteiros originais devem envolver viagens no tempo, histórias desenvolvidas no cérebro do protagonista ou vários personagens (cerca de 20) que terminam se esbarrando e promovendo mudanças profundas nas vidas uns dos outros.
Ator: procure um papel de alguma celebridade já morta. Você terá que se transformar na figura retratada, mesmo que isso signifique engordar ou emagrecer mais de 10 Kg. Se ele for cantor, aprenda a cantar como ele, até que ninguém consiga diferenciar as vozes dos dois. Aprenda todos os seus trejeitos: ande como ele, fale da mesma maneira, adquira o sotaque, se possível, até faça xixi igual ao ídolo retratado. Esses papéis em que parece que o ator foi possuído pela figura do morto sempre rendem Oscar. Agora só resta torcer para que nenhum outro ator tenha escolhido uma estratégia similar (viu o que aconteceu com o Joaquin Phoenix? Tanta esforço para nada).
Atriz: você é uma atriz lindíssima, certo? Daquelas que deveriam ser proibidas de sair na rua para não oprimir as pobres mortais com a sua beleza? Então, amiga, o segredo para você é o seguinte: dispa-se do seu glamour. Calma, isso não quer dizer que você terá que ficar pelada o filme inteiro, nada disso. Você apenas terá que fazer um filme com espírito independente, onde não poderá usar maquiagem e interpretará uma mulher comum e desacreditada. Se você usar próteses de nariz para ficar feia, ninguém conseguirá tirar esse prêmio das suas mãos.
Coadjuvantes: se você for uma jovem atriz indicada a categoria de coadjuvante, não se anime: você não ganhará. Os velhinhos da Academia só te indicaram porque eles gostam de valorizar a nova geração e parecer antenados ao nomear pessoas que estiveram em filmes prestigiados em Sundance ou Cannes. Você pose até ter sido indicada, mas quem ganha é a atriz veterana. Sempre. Portanto, meu único conselho para você é: envelheça.

A Charlize e o Spielberg seguiram as dicas e agora têm um homenzinho dourado enfeitando suas estantes
Por Lady Sith às [12:43]
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[12.10.06]
[Nós vamos invadir sua praia]
Morar em cidade que tem praia é uma maravilha, principalmente quando ela está a alguns metros de distância da sua casa. O bom de ter uma praia por perto é ter um lugar para fazer as suas caminhadas, dar um passeio, tomar uma água de coco ou simplesmente relaxar ouvindo o barulho das ondas enquanto lê um bom livro. É um paraíso. O único problema é que você só pode aproveitar toda a tranqüilidade da praia nos dias úteis, pois nos finais de semana e nos feriados ela se transforma em uma autêntica visão do inferno.
Pelo menos isso é o que acontece na praia de Boa Viagem, aqui em Recife. Boa Viagem é uma praia linda, mas sofre de um problema: com a especulação imobiliária que invadiu a praia para a construção de prédios - não entendo por que pessoas ricas adoram morar praticamente dentro do mar, deveriam construir logo umas palafitas - e o aumento do nível do mar, alguns pontos estão praticamente sem faixa de areia. Nestes locais foram erguidas barreiras para conter o avanço do mar e nos deixaram apenas uma faixa de areia mínima.
É justamente aí que reside o problema. Durante a semana, como as pessoas estão trabalhando e são poucos os que podem ir à praia, está tudo tranqüilo. Mas nos dias "inúteis" temos o acréscimo de milhares de pessoas que vêm de longe para aproveitar o dia de sol - entre eles, aquelas mulheres besuntadas com óleo de bronzear que ficam estendiddas em toalhas enquanto gritam para os filhos coisas do tipo "Sidny, sai da água para o tubarão não te pegar" - e centenas de vendedores ambulantes e barraqueiros. E são centenas MESMO.
A presença deles traz muitos transtornos. Os barraqueiros têm o péssimo hábito de ocupar toda a praia com as cadeiras e guarda-sóis que eles alugam. Mas não pensem que eles só colocam os objetos quando têm fregueses: eles chegam cedo e ocupam TODA a extensão da areia. Tomam conta da praia na maior cara de pau. Isso quer dizer que se você levar sua cadeira não terá espaço para colocar porque eles se recusam a tirar as deles, mesmo aquelas que não estão ocupadas. No fim, para não se indispor com os "donos" da praia, temos que pagar para usufruir um local público e que deveria ser gratuito. Além deles, temos vendedores de todos os tipos, desde aqueles que vendem produtos alimentícios - que não têm as mínimas condições de higiene - a comerciantes de filtro solar, brinquedos e CDs piratas, estes disputando a atenção dos banhistas com aquelas músicas breguíssimas executadas no último volume. Se já não bastasse ter que enfrentar toda essa balbúrdia durante a sua caminhada matinal, ainda temos os resquícios da confusão durante o resto do dia. Temos os bêbados que ficam dormindo jogados pelos bancos, as pessoas sem limites que ficam dançando ao som do carro de algum incoveniente com o porta-malas aberto e a montanha de lixo espalhada pela areia.
Esse caos todo em um dos principais cartões postais de uma cidade que deseja aumentar o fluxo de turistas é inadmissível. Imagine que impressão que causa principalmente nos visitantes estrangeiros, acostumados com locais muito mais organizados. E o pior é que a Prefeitura não faz nada para regulamentar essa baderna. Quando faz, prefere proibir o frescobol, o jogo de futebol e os cachorros, ao invés de dar um basta na bagunça. O mínimo que poderia ser feito seria limitar o número de vendedores, cadastrá-los e elaborar regras de conduta - como só permitir que as cadeiras fossem colocadas quando alguém quisesse ocupá-las e obrigá-los a recolher o lixo que produzem. Desta forma, os comerciantes poderiam continuar ganhando o seu dinheiro, mas os habitantes da cidade e os turistas teriam uma praia organizada que seria uma fonte de descanso, e não de stress. Do jeito que está atualmente, parece que vivemos em uma terra de ninguém.

Pena que só é bonita assim no cartão postal
Por Lady Sith às [13:08]
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[6.10.06]
[5 X eu]
Já faz um tempinho que a minha amiga Rê escreveu um texto bem legal contando cinco curiosidades sobre ela e lançou um convite para que outros blogueiros fizessem suas listas. Resolvi aceitar o desafio e enumerar as cinco coisas que vocês talvez nunca quiseram saber sobre mim e por isso não se deram ao trabalho de perguntar.
1 - Eu sou muito detalhista: dia desses eu e o namorado vimos uma foto do debate com os candidatos a governador na primeira página de um jornal. Depois de um tempo, eu observo "nossa, todo mundo nessa foto está de gravata vermelha". Ele ficou admirado e disse que essa seria a última coisa que chamaria a atenção dele. Pois para mim esses detalhes sem importância são a primeira coisa a se destacar. Se eu vejo um repórter dando notícia na rua é batata eu dizer coisas como "vê que carro detonado está passando atrás dele". Se vejo um filme, eu observo todos os objetos colocados na estante no fundo do cenário. Se estou vendo novela, não demorará muito a surgir uma frase parecida com "o cabelo dessa atriz é 3 mm mais curto no lado direito, será que é o corte?".
2 - Eu sou muito fresca para comer: algum leitor, procurando ser legal, dirá que todo mundo tem suas restrições alimentares e que isso não é frescura. Mas a verdade é que eu sou realmente muito fresca para comer mesmo (uma frase com muita ênfase). Não como nada antes de alguém me dizer do que aquilo é feito e cato coisas da comida sem a mínima vergonha, mesmo estando em restaurantes ou sendo convidada para almoçar na casa de alguém - sei que é falta de educação, mas é mais forte do que eu. Vou fazer uma lista, mas já aviso que não dá para colocar tudo. Eu não como ervilha, cenoura, passas (por conseqüência prefiro evitar o salpicão, é muito trabalho para pouco prazer), pudim (a pior forma de estragar uma lata de Leite Moça), paçoca ou qualquer coisa feita de amendoim, chantilly, cereja, chuchu, feijoada, rabada ou qualquer coisa terminada em "ada", sushi, caldo de cana, dobradinha, cozido, caldo verde, canjica e qualquer comida feita de milho, tapioca e... Cansei.
3 - Eu tenho uma capacidade ilimitada para armazenar informações inúteis: eu não lembro de números de telefone, datas de aniversário ou nomes de ruas, mas tenho um verdadeiro banco de dados cinematográfico guardado na minha cabeça. Praticamente um IMDB ambulante. Se alguém me perguntar, eu provavelmente saberei dizer todos os vencedores do Oscar de 1996, a filmografia completa da Nicole Kidman e sinopse e elenco dos mais variados filmes, mesmo aqueles que eu não assisti. E sou capaz de passar horas enumerando todas essas coisas, como se isso interessasse a qualquer outra pessoa além de mim.
4 - Eu faço planejamento para sair de casa: funciona assim: eu quero pegar a sessão de 13:30 em um cinema. Então começo a fazer os cálculos: posso sair de casa às 12:45, espero 5 minutos pelo ônibus, levo 15 minutos para chegar no shopping, comprar algo para comer e o ingresso leva uns 20 minutos e ainda terei 5 minutos para lavar as mãos e escolher um bom lugar. Quando eu ia para a faculdade era a mesma coisa: como e me arrumo a partir das 17:00, saio às 17:30, pego o ônibus das 17:40, chego na faculdade às 18:30. O único detalhe é que esse planejamento só funciona perfeitamente na minha cabeça e eu sempre me esqueço de combinar com o resto do mundo para que não chova, não tenha engarrafamento e para que as filas andem rápido. Esse planejamento é a maior furada, mas eu continuo fazendo mesmo assim.
5 - Eu sou viciada em seriados americanos: tem aqueles que eu acompanho mesmo, como 24 Horas, Lost e Friends (sim, eu assisto todos os dias às reprises dos episódios). Tem aqueles que eu vejo eventualmente, como Scrubs, Will e Grace e Mad About You (também em reprises), C.S.I e Cold Case. Tem aqueles que vejo quando tem uma cena polêmica, como a morte da Marissa em O.C. Mas se eu estiver em casa de bobeira, assisto a qualquer um que estiver passando, mesmo que eu não saiba a história ou os nomes dos personagens e mesmo que sejam coisas horrorosas como What I Like About You, Hope e Faith e Melrose Place. Para mim, os seriados equivalem às novelas.
Por Lady Sith às [17:32]
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[3.10.06]
[Para assustar]
Hollywood nos ensina que qualquer filme que queira ser considerado bom ou relevante (seja lá o que isso signifique) no cinema atual tem que fazer parte de uma trilogia. Seguindo essa linha de raciocínio, resolvi escrever a terceira parte do manual "Vamos fazer um filme" - que, anteriormente, já deu a fórmula para fazer comédias românticas e filmes de ação - capítulo filmes de terror.
O gênero terror não é daquele tipo que sempre atrai as pessoas ao cinema. Ele tem ciclos de sucesso e cada um deles é caracterizado pela exploração de temas diferentes. No fim dos anos 70 e começo dos 80, a moda era o terror ocasionado por bichos (Os Pássaros, Piranhas, A Mosca) ou "monstros aliénigenas" (A Coisa, A Bolha Assassina). No final da década, filme legal era aquele que tinha um vilão praticamente imortal, que matava adolescentes e conseguia alcançar suas vítimas mesmo que elas corressem enquanto ele andava calmamente (A Hora do Pesadelo, Sexta-Feira 13). Esse tipo de terror ressurgiu em 1996 com Pânico e seus imitadores e reinou absoluto até ser superado pela nova febre: o terror asiático. E é justamente sobre este estilo que nós vamos falar agora.
Os protagonistas: nada de adolescentes bonitinhos e cheios de hormônio. As protagonistas de filmes de terror asiático representam a "beleza madura", geralmente por volta dos 30 anos. Os personagens principais devem ser pessoas com problemas familiares e que estão tentando reestruturar as suas vidas. É importante ter uma criança que será sensitiva e estabelecerá contato com o fantasma.
O fantasma: esse é o vilão do filme. O fantasma deve estar associado a algum tipo de maldição que o leva a perseguir as pessoas. Ele deve assombrar uma casa específica, para a qual a família protagonista acabou de se mudar, ou se manifestar em fitas de vídeo e fotografias. O fantasma causará mais impacto se for representado por uma criança muito branca, de cabelos muito pretos e muito longos e que vestirá uma camisola também muito branca e muito longa. Quando o fantasma aparecer, é bom ter algo que denuncie a sua presença. Dê preferência para poças d'água.
A cena inicial: é de suma importância: ela deve ser assustadora e dar uma idéia dos perigos que os protagonistas irão enfrentar, mas deve-se tomar muito cuidado para não entregar de cara o segredo. A pessoa a ser morta inicialmente deve ter alguma relação com os protagonistas, o que levará a uma investigação que acabará por fazer com que a maldição os persiga.
O desenrolar: não tem lá muito importância, basta colocar seus personagens tentando se livrar do fantasma, enquanto enfrentam situações bizarras. E certifique-se de colocar alguns sustos para não entediar a platéia.
A volta dos que não foram: no final, deve parecer para o público que os protagonistas realmente se livraram do fantasma, que agora descansa em paz. Mas nada disso aconteceu e o público ainda será surpreendido por uma nova morte que denunciará a volta dos que não foram. Esta cena é extremamente importante para conseguir descolar uma continuação e quem sabe até uma trilogia. Afinal, a Hollywood de hoje nos ensina...
Samara, a fantasminha camarada
Por Lady Sith às [00:43]
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