[29.10.05]

[Serviço de Corno]


"Alguma vez aconteceu de você estar lá na sua, trabalhando, e seu chefe pedir para você ir colocar algumas fichas em ordem alfabética? Você vai pensando que vai ser rapidinho (afinal, ele prometeu que seria) e vê que "algumas" eram 10 milhões de formulários acumulados desde 1500?
Algum professor seu já pediu trabalhos completamente inúteis como anotar as características de todos os tipos existentes de prego (e você pensando que só existia um mesmo) em uma loja de material de construção sem ar condicionado?
Alguma vez sua mãe pediu para você procurar uma receita de bolo de chocolate (e você pensando que bolo de chocolate nem tinha receita) no meio de um monte de papel velho que ia te causar uma puta duma alergia?
Se diante dessas situações, ao invés de colocar toda sua revolta para fora e dizer "PQP! Não faço isso nem a pau!!" você simplesmente fez cara de paisagem, foi lá e executou o trabalho, seja bem vindo: você já fez serviço de corno.
Por que serviço de corno? Porque todo castigo pra corno é pouco."

Como eu disse no primeiro post, antes de criar esse blog a única inovação internética a que eu tinha aderido foi o Orkut. Mas eu não criei apenas o perfil. Não, eu também brindei o Orkut com a linda, maravilhosa, absoluta, necessária e relevante comunidade "Serviço de Corno" . Esse texto aí em cima é a descrição da comunidade.

Eu já fiz muitos serviços de corno na vida. Aliás, as três situações expostas na descrição são SCs que eu já tive o (des)prazer de executar. Eles foram escolhidos para entrar na descrição entre todos os outros por conter duas características básicas do serviço de corno: sempre vem de muito e, invariavelmente, se mostram completamente desnecessários.

Tomemos a primeira situação. No meu antigo estágio me foi dada a tarefa de organizar alguns documentos (organizar coisas sempre é um serviço de corno). Eram correspondências e declarações de faturamento das lojas do shopping (sim, eu estagiei em um shopping). O detalhe é que o shopping tinha mais de 100 lojas. E as cartas eram de um período de 1995 a 2004. E eu tinha que separar por ano (lógico que elas estavam todas misturadas, senão não seria serviço de corno). E depois classificar por data. E, entre as de mesma data, colocar em ordem alfabética pelo nome das lojas. Deu para sentir o drama?

Outro serviço de corno que entrou para os anais (no bom sentido, claro) dos realizados por essa pessoa que vos escreve foi o famigerado "trabalho do Bompreço". Consistia em ir ao supermercado e anotar todos os tipos existentes dos seguintes produtos: biscoito recheado, sabão em pó, arroz e sabonete. Só que cada tamanho de embalagem devia ser considerado como um tipo diferente. E cada perfume esdrúxulo de sabonete - como seiva de pinho albino das florestas da Islândia - devia ser classificado à parte. E cada sabor estapafúrdio de biscoito recheado - como mousse de abacaxi com pedaços de maçã verde e chiclete de menta - também. E é claro que a loja não tinha ar condicionado. E, logicamente, estava fazendo uns 35 graus em Recife no dia. Eu nunca mais fui capaz de olhar para uma prateleira de biscoitos recheados da mesma maneira. E estou até hoje procurando a relevância deste trabalho para a minha vida acadêmica.

Mas nada, nada mesmo se compara com os trabalho passados pela minha querida mamãe. Estou lá, aproveitando meu sábado para lagartixar tranqüilamente no sofá da sala assistindo tv. De repente vem ela: "procura uma receita de mousse de chocolate pra mim" (sem interrogação. Não é uma pergunta, é uma ordem dada com uma inconfundível voz doce). Eu respondo: "tem uma no caderno de receitas da cozinha, não serve?". Ela: "Não, vi numa revista, é diferente, eu queria experimentar". Eu concordo, não adianta argumentar mesmo. Daí vem ela com a coleção de Manequins (uma revista da Editora Abril) construída mês a mês desde 1988. Eu (já arrependida de ter desistido sem lutar): "Você não tem idéia de qual revista tem essa receita?". Não, logicamente ela não tem. E eu procuro de uma por uma. E as revistas não estão organizadas por data. E a receita, obviamente, está em uma das últimas revistas do monte. E eu entrego a receita para a minha mãe. E ela analisa e diz: "ah, não vai dar para fazer. Eu não tenho essência de baunilha". E joga a revista de lado. Eu posso com uma coisa dessas?

"Organizar papéis? Nãaaaaaooooo!!!"



Por Lady Sith às [10:49]

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