[8.3.06]

[Privado por natureza]

Banheiro público. Não conheço nenhuma outra expressão na língua portuguesa que contenha tamanha antítese. Como pode ser classificado como público um local onde você faz coisas tão íntimas como tirar meleca, tomar banho, fazer necessidades fisiológicas, passar hidratante e dublar a Bonnie Tyler usando o frasco de xampu como microfone? Não dá, é impossível. Banheiros públicos não deveriam existir, são a contradição suprema.

No entanto, não são todas as pessoas que pensam dessa forma. Tem gente que se sente em casa dentro de um banheiro desses. Levante a mão quem nunca entrou num sanitário de shopping e viu alguém espremendo as espinhas na frente do espelho. Isso é bem comum. Legais (??) mesmo são aquelas situações bizarras, como ver alguém fazendo xixi de porta aberta ou enxugando o suor do suvaco com papel higiênico. Mas nada supera entrar no recinto e ver uma senhora de calcinha, com a calça pendurada na porta de um dos reservados e refrescando as partes no lavabo. Sério, eu já presenciei essa cena. E ela não esboçou nenhuma reação ao me ver entrando. Tem coisas que só o banheiro do trabalho faz por você.

Alguns arquitetos provavelmente também devem achar que esse ambiente pode ser bem íntimo e pessoal. Só isso explicaria a decisão de colocar uma porta de vidro (!!!) na casinha - nome delicado que eu dou à parte onde fica a privada. Tá bom que o vidro é fosco, mas dá para ver perfeitamente a pobre cidadã que o está utilizando naquela desconfortável e contrangedora posição de "pipi em banheiro público". Eu sei que fica bonito, mas no quesito adequação ao uso, merece uma nota zero.

Mas de todas as situações que se podem enfrentar em um ambiente desses, a pior são as pessoas que, só porque te conhecem, acham que têm a obrigação de ficar puxando conversa. Não sei se também acontece com vocês, mas toda vez em que eu estou lá escovando os dentes, alguém tem que vir falar comigo. E não é só um "oi" rápido ou qualquer comentário ao qual você pode responder com um aceno de cabeça. Já vieram tentar conversar sobre trabalho, sobre o casamento de um colega nosso, sobre a frieza extrema do ar condicionado, sobre a novela... E eu lá, com a boca cheia de espuma sem saber o que fazer. Será que deveria cuspir tudo para conversar com a pessoa? Será que eu deveria ignorar? Será que deveria falar qualquer coisa, mesmo que ininteligível? Se eu falar com a boca cheia de pasta, passo por nojenta? E se não disser nada, será que sou mal-educada? Oh, céus, preciso urgentemente de um livro de etiqueta para essas horas.

Se bem que eu acho que a única solução para acabar com essas situações contrangedoras era criar um banheiro individual para cada um. Imagina como seria legal se todos tivessem uma chave que, quando colocada na fechadura do banheiro, desse acesso ao seu próprio ambiente, com as cores, os produtos e o cheirinho de sua preferência. Pronto, um banheiro público individual. Se eu vivesse em Hogwarts, talvez fosse possível.

Se eu fosse feiticeira, resolveria esse problema de banheiro público em um acenar de varinha



Por Lady Sith às [17:32]

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