Aprendi que esforço, talento e conhecimento não são pré-requisitos para se dar bem em algo. Bajular os poderosos e conhecer as pessoas certas pode ser muito mais efetivo (mas eu prefiro ser esforçada e tentar conseguir o que quero por mérito).
Tive a grande bênção de, pela primeira vez na minha vida, não ser a "filha da diretora". Acho que alguém que nunca foi "filho do diretor" não pode saber o bem que isso me fez. Finalmente pude falar palavrão, arrumar brigas, falar besteiras, gazear aulas. Enfim, pude ser eu mesma e não o modelo de perfeição que uma "filha de diretora" teria que ser.
Pude ver como as pessoas conseguem ser falsas. Sei que falsidade é uma coisa "normal", que algumas pessoas só se aproximam quando você tem algo que as interesse, mas na faculdade isso atingia níveis inacreditáveis. Um livro indicado pelo professor e difícil de ser pego na biblioteca era motivo para que alguém que nunca tinha olhado na sua cara virasse seu amigo de infância, conversando com você, chamando para ir na cantina, oferecendo carona. Tudo isso para, no dia seguinte, voltar a não olhar para a sua cara e a não responder nem a um "oi". Afinal, ele já tinha conseguido a xerox.
Percebi como as pessoas podem ser mesquinhas e fazer coisas para prejudicar os outros. Um trabalho passado em um dia que muitas pessoas faltaram, provas antigas daquela cadeira difícil, uma dica passada para poucos alunos, todas essas coisas que colegas deveriam compartilhar para ajudar uns aos outros eram escondidas. Isso até dentro de grupos que se diziam unidos e formados por grandes amigos.
Tive a oportunidade de passar dois meses em Portugal fazendo um estágio. Com tudo pago! Dois meses sendo dona do meu nariz, conhecendo pessoas diferentes, cidades interessantes, inventando viagens de última hora que tinham tudo para dar errado, mas acabaram dando certo. Foi uma experiência única (sei que é clichê, mas é verdade) e isso nunca teria acontecido se não fosse pela faculdade.
Aprendi que a hipocrisia não tem limites. E que professores que reclamam de desinteresse, atrasos e faltas são justamente aqueles que mais faltam, se atrasam e que menos têm interesse em ensinar algo (além da hipocrisia, lógico). E que colegas que querem unir a turma são aqueles que mais contribuem para separá-la.
Percebi que tenho que me dar o devido valor. Se eu não me considerar boa e capacitada o bastante, ninguém mais vai achar.
Vi que amizades verdadeiras podem surgir do nada e entre pessoas completamente diferentes. No começo, tudo o que tínhamos em comum era sentar no canto da sala, mais especificamente na fila perto da janela. Com o tempo, fomos descobrindo afinidades e passando mais tempo juntos e nos unindo até formarmos um grupo de amigos. Ana Helena, André, Bruna, Camila, Domingos, Gilberto, Iara, Jamir, Luiz, os dois Rafaéis, Thiago, Victor, Wagner, muito obrigada a todos vocês que em algum momento e que por maior ou menor tempo formaram a Turma da Janela. Vocês fizeram a eternidade passar muito mais rápido. A gente se encontra nas janelas por aí.