[8.11.05]
[Desculpe, não sou a Gisele Bündchen]
Rubens Ewald Filho é considerado o maior crítico de cinema do Brasil. Eu sinceramente não consigo entender porquê. Ok, ele tem uma excelente memória cinematográfica e, provavelmente, já assistiu a mais filmes que toda a população brasileira somada. Mas nada é capaz de me fazer esquecer dois comentários extremamente infelizes que esse senhor foi capaz de proferir (e que não estavam relacionados, em absoluto, a sua função de crítico). Conheço garotas que dão de 1000X0 nela
Eu não lembro de nenhum deles palavra por palavra, mas na essência eram mais ou menos assim:
Sobre Lázaro Ramos em O Homem que Copiava (filme que eu adoro e recomendo): Não acredito que um negro feio como aquele teria amigos e não sofreria nenhum preconceito em uma cidade como Porto Alegre.
Sobre Adrien Brody em O Pianista: Duro é um filme ter um galã com essa cara.
Vejam bem, ele não estava analisando as atuações dos dois, nem falando sobre o seu talento (ou falta de). Não, o Rubinho se achou no direito de criticar os outros porque eles são feios. Tá bom, não vou dar uma de politicamente correta e dizer que eu não tiro onda de pessoas feias. Sim, eu digo que tenho medo do Ronaldinho Gaúcho e que o Marcos Palmeira é orelhudo. Mas é diferente falar isso de brincadeira com os seus amigos e ser um formador de opinião e falar isso seriamente, e em um tom extremamente preconceituoso, para um grupo de pessoas altamente influenciáveis. Eu reconheço que o Adrien Brody é feio, mas isso não desqualifica o maravilhoso trabalho que ele fez em O Pianista. E sim, eu acho perfeitamente possível o Lázaro Ramos (um negro bonito, talentoso e divertido) ter amigos e despertar paixões.
Estamos dando valor a coisas descartáveis: aos cabelos loiros, lisos e sedosos, aos 50 Kg em 1,80 m de altura e aos olhos azuis. Foi estabelecido um padrão inatingível e milhares de infelizes se desgastam perseguindo-o. A pobre coitada percebe que seu olho esquerdo está 2 mm mais baixo que o direito e vai logo procurar um cirurgião plástico. Quem tem pequenas imperfeições não pode ter amigos, nunca será popular e nem terá um grande amor. Pequenos defeitos alheios são razão de chacota. Só podem ser felizes aqueles que são clones de um Tom Cruise ou de uma Jessica Alba.
Parece que o desejo geral é de que o mundo se transforme em uma fábrica de Gisele Bündchens. Eu, particularmente, acho isso tudo uma grande bobagem. Já vi garotas muito mais bonitas que ela andando pela rua. E bonitas ao natural, pegando um ônibus lotado às sete horas da manhã e sem um pingo de maquiagem. E conheço outras pessoas que podem até não ser modelos de beleza, mas que são simpáticas, capazes de manter uma conversa interessante, têm um senso de humor esperto e uma risada gostosa. E isso faz delas, aos meus olhos, muito mais bonitas do que qualquer grande estrela de Hollywood.
É por isso que digo: desculpe, não sou a Gisele Bündchen. Será que ainda assim tenho o direito de ser feliz? Será que os outros ainda serão capazes de gostar de mim?
Por Lady Sith às [13:41]
3 comentários
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