[25.10.07]
[É pique!]
[18.10.07]
[Favor]
[16.10.07]
[Top chef]
Então aconteceu. Eu, que já queimei até panela de arroz e nunca consegui fazer brigadeiro, aprendi a cozinhar. E até que não foi assim tão difícil. Lógico que não estou falando sobre cozinhar no sentido Ratatouille do termo, em que você junta os temperos, sabe qual acompanhamento vai bem com aquele prato e produz uma explosão de cores, sons e sabores. Isso é uma arte da qual eu estou muito distante. Estou falando mesmo de seguir o passo a passo do livro de receitas. E isso, mesmo estando muito longe da mágica do Remy, também tem seu encanto.
É isso, tem algo de mágico no ato de cozinhar. Lógico que não é nada poético ficar com os olhos ardendo ao cortar uma cebola, ferir a mão tentando descascar batata ou sofrer uma queimadura ao jogar a cebola (sempre ela) picada dentro da panela de óleo quente – sim, tudo isso aconteceu comigo. Mas esses são efeitos colaterais. Nada apaga a satisfação de comer algo que você mesmo preparou ou o encanto, pelo menos para mim, que é ver aqueles ingredientes soltos se transformando em uma refeição boa. Não deliciosa ou incomparável porque quem está aprendendo a cozinhar não pode estabelecer uma meta tão alta.
E é um encanto sem fim. Quem olha à primeira vista duvida que a margarina, o leite e a maisena possam se transformar em um molho branco espesso, daqueles de colocar na lasanha. Você mexe, mexe e mexe e cada vez mais duvida que isso possa acontecer. Só que de repente aquela mistura líquida vai ficando cremosa. E ainda adquire um sabor completamente diferente do que a margarina, o leite e a maisena têm quando estão separados. A mesma coisa acontece com a carne. Uma panela quente, um pouquinho de óleo e pronto. Aquela coisa crua muda de cor e de gosto em alguns minutos.
Lógico que nem tudo é poesia. Além dos já citados efeitos colaterais, ainda é necessário lidar com a frustração de quando a receita dá errado. Você olha para aquele empadão de galinha com um recheio chocho, para aquele estrogonofe com gosto de tomate, para aquele frango que passou duas horas no forno e ainda assim ficou um pouco cru por dentro e pensa em desistir porque você decididamente não foi feito para aquilo. Mas essa é que é a beleza de aprender. Você anota o que deu errado e da próxima vez tenta fazer diferente, até o dia em que dá certo. E Remy que o aguarde.
Um dia eu chego lá
[13.10.07]
[Biografia]
[11.10.07]
[Pequeno dicionário de pernambuquês]
Aperrear: pronuncia-se “aperriar”. Ficar enchendo o saco dos outros. O povo da minha casa me aperreia o tempo todo. Também pode ser usado no sentindo de se preocupar muito com alguma coisa. A prova da semana que vem está me aperreando que só.
Arretado: tanto pode significar alguém nervoso (tenho um amigo que fica arretado quando eu digo que ele está ficando careca), como uma pessoa muito legal. Tu é uma das pessoas mais arretadas que eu conheço. Obs: “tu” se conjuga errado mesmo.
Bulir: mexer. Dá para parar de bulir no controle da TV por um segundo?
Buliçoso: pessoa irrequieta, agitada. Teu sobrinho é muito buliçoso. Não pára quieto!
Cabra: indivíduo do sexo masculino. Não vou com a cara daquele cabra.
Chega: não é o verbo “chegar” conjugado na terceira pessoa do singular do presente do indicativo. Chega é utilizado para substituir “até”. Todo mundo fala tão bem desse filme que chega deu vontade de assistir.
Da gota, da peste e da moléstia: são usados como advérbios de intensidade ou então para demonstrar a grandiosidade de uma situação (somos um povo muito superlativo). Tá um frio da gota hoje (= hoje está muito frio); peguei um engarrafamento da peste até o trabalho (= peguei um engarrafamento gigantesco).
De com força: na verdade, a forma “de com força” é só para os intelectuais. No popular é “dicumforça” mesmo (assim, tudo junto e escrito errado). Significa com muita vontade. Sexta que vem eu beijarei o namorado dicumforça.
Fuleirar: não cumprir com o prometido, dar um bolo. Marquei de jantar com Siclano, mas ele fuleirou comigo.
Fuleiro: aquele que fuleira.
Massa: não é de pizza e nem macarronada. Massa é uma coisa muito boa. Os livros do Neil Gaiman são massa.
Menino buchudo: expressão usada para designar pessoas imaturas. Essa briguinha está parecendo coisa de menino buchudo da 4ª série.
Mundiça: agrupamento de pessoas sem educação. Só tinha mundiça na praia.
Oxe: esqueça as novelas da Globo. Ninguém fala “oxente”, é só “oxe” mesmo (porque somos um povo superlativo, mas gostamos de abreviar tudo). Interjeição usada para demonstrar que não se concorda muito com algo que foi dito.
- Todas as pessoas que estudavam com a gente na faculdade eram legais.
- Oxe, é porque não eram mesmo.
Há aqueles que falam apenas “xi”, são os populares “tá vazando?”.
Que só a gota e que só a moléstia: vide o verbete “da gota, da peste e da moléstia”. Geralmente são usadas na forma abreviada “que só”. Recife é quente que só.
Pense: ao contrário do que possa parecer, não é o imperativo do verbo “pensar”. Pense é usado para ironizar alguém (Meu chefe está nervoso. Pense que eu estou me tremendo de medo) ou para dramatizar algo. Menina, fiquei tão envergonhada que chega fiquei roxa. Pense!
Pirraia: criança, pessoa mais nova. Vou levar os pirraias ao cinema hoje.
Potoca: usada na expressão “conversar potoca”. Significa conversar besteira, jogar conversa fora. Adoro reunir os amigos para conversar potoca.
Solto(a) na buraqueira: galinhar, ficar com todo mundo. Desde que terminou o namoro, fulana está solta na buraqueira.
Virado no mói de coentro: também pode ser usado apenas “virado”. Encapetado, endiabrado, agitado. Esse pirraia é virado no mói de coentro.
Vixe: interjeição de espanto. Vixe, essa casa está uma zona.
Vôte: vide “Vixe”.
[Mapas]
¤ Layout feito por Nana Flash