[25.10.07]

[É pique!]

Hoje o blog faz dois anos. Nem acredito. Eu que nunca pensei em ter um blog, que achava fútil, que odeio tudo que escrevo (não precisa vir falar que eu escrevo bem), que sou mal-humorada e que tenho a tendência de largar as coisas no meio consegui manter um blog por dois anos. É quase ocasião de estourar fogos de artifício. Exageros a parte, sei que fui uma escritora muito relapsa durante este último ano. Nem vai dar para fazer uma retrospectiva legal igual ano passado. Então escrevo esse post meio besta só para deixar a data registrada. Prometo ser mais dedicada no ano que vem. Só espero que meu Alzheimer precoce me permita cumprir essa promessa.


Por Lady Sith às [13:43]

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[18.10.07]

[Favor]

As eliminatórias para a Copa do Mundo irão durar mais dois anos, certo? Isso quer dizer que a Seleção ainda irá jogar algumas vezes aqui no Brasil, não é? E eu já senti que em todas as vezes o Galvão Bueno vai vir com aquela ladainha de jogo das famílias, onde não há palavrão nem briga e todo aquele blá, blá, blá patriótico-meloso que só ele é capaz de produzir. Sendo assim, alguém poderia me fazer o favor de dar uma bifa na orelha do Galvão sempre que ele usar a expressão "jogo das famílias" para ver se ele deixa de atazanar a minha paciência com essa baboseira?

E se não for abusar muito, o mesmo alguém também pode dar uma bifa na orelha de cada torcedor do Flamengo que começar a gritar Obina em uma partida em que ele não está escalado nem no banco de reservas? E aproveitar para falar "o Obina é tão ruim que eu até prefiro o Vágner Love"?

Obrigada.


Por Lady Sith às [08:12]

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[16.10.07]

[Top chef]

Então aconteceu. Eu, que já queimei até panela de arroz e nunca consegui fazer brigadeiro, aprendi a cozinhar. E até que não foi assim tão difícil. Lógico que não estou falando sobre cozinhar no sentido Ratatouille do termo, em que você junta os temperos, sabe qual acompanhamento vai bem com aquele prato e produz uma explosão de cores, sons e sabores. Isso é uma arte da qual eu estou muito distante. Estou falando mesmo de seguir o passo a passo do livro de receitas. E isso, mesmo estando muito longe da mágica do Remy, também tem seu encanto.

É isso, tem algo de mágico no ato de cozinhar. Lógico que não é nada poético ficar com os olhos ardendo ao cortar uma cebola, ferir a mão tentando descascar batata ou sofrer uma queimadura ao jogar a cebola (sempre ela) picada dentro da panela de óleo quente – sim, tudo isso aconteceu comigo. Mas esses são efeitos colaterais. Nada apaga a satisfação de comer algo que você mesmo preparou ou o encanto, pelo menos para mim, que é ver aqueles ingredientes soltos se transformando em uma refeição boa. Não deliciosa ou incomparável porque quem está aprendendo a cozinhar não pode estabelecer uma meta tão alta.

E é um encanto sem fim. Quem olha à primeira vista duvida que a margarina, o leite e a maisena possam se transformar em um molho branco espesso, daqueles de colocar na lasanha. Você mexe, mexe e mexe e cada vez mais duvida que isso possa acontecer. Só que de repente aquela mistura líquida vai ficando cremosa. E ainda adquire um sabor completamente diferente do que a margarina, o leite e a maisena têm quando estão separados. A mesma coisa acontece com a carne. Uma panela quente, um pouquinho de óleo e pronto. Aquela coisa crua muda de cor e de gosto em alguns minutos.

Lógico que nem tudo é poesia. Além dos já citados efeitos colaterais, ainda é necessário lidar com a frustração de quando a receita dá errado. Você olha para aquele empadão de galinha com um recheio chocho, para aquele estrogonofe com gosto de tomate, para aquele frango que passou duas horas no forno e ainda assim ficou um pouco cru por dentro e pensa em desistir porque você decididamente não foi feito para aquilo. Mas essa é que é a beleza de aprender. Você anota o que deu errado e da próxima vez tenta fazer diferente, até o dia em que dá certo. E Remy que o aguarde.



Um dia eu chego lá



Por Lady Sith às [16:23]

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[13.10.07]

[Biografia]


Vocês já viram aqueles livros ou sites em que o autor quer ser divertido e coloca uma biografia, digamos, pouco ortodoxa? Pois é, ler esse tipo de biografia virou meu novo passatempo favorito. Daí para imaginar o que eu colocaria na minha é um pulo. Acho que seria algo mais ou menos assim:

Patrícia Lopes é uma velha ranzinza de 24 anos e escritora ocasional. Nos seus mais loucos devaneios imagina que escreve igual ao Neil Gaiman, mas não se preocupem, ela já está em terapia para diminuir os delírios de grandeza. Dedica seu tempo livre a catalogar todas as formas que uma nuvem pode assumir, já acumulando cerca de mil imagens diferentes, todas devidamente registradas em seu próprio cérebro. Seus objetivos de vida são falir a Coca-Cola, produzir um filme para o Spielberg e trazer a Ordem dos Jedi de volta aos seus dias de glória. Futuramente será a feliz mãe de Biloxi Rosembrick e Ermenegilda Vitória. Desde já aceita contribuições para pagar a terapia das crianças.


Por Lady Sith às [23:43]

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[11.10.07]

[Pequeno dicionário de pernambuquês]

Aperrear: pronuncia-se “aperriar”. Ficar enchendo o saco dos outros. O povo da minha casa me aperreia o tempo todo. Também pode ser usado no sentindo de se preocupar muito com alguma coisa. A prova da semana que vem está me aperreando que só.

Arretado: tanto pode significar alguém nervoso (tenho um amigo que fica arretado quando eu digo que ele está ficando careca), como uma pessoa muito legal. Tu é uma das pessoas mais arretadas que eu conheço. Obs: “tu” se conjuga errado mesmo.

Bulir: mexer. Dá para parar de bulir no controle da TV por um segundo?

Buliçoso: pessoa irrequieta, agitada. Teu sobrinho é muito buliçoso. Não pára quieto!

Cabra: indivíduo do sexo masculino. Não vou com a cara daquele cabra.

Chega: não é o verbo “chegar” conjugado na terceira pessoa do singular do presente do indicativo. Chega é utilizado para substituir “até”. Todo mundo fala tão bem desse filme que chega deu vontade de assistir.

Da gota, da peste e da moléstia: são usados como advérbios de intensidade ou então para demonstrar a grandiosidade de uma situação (somos um povo muito superlativo). Tá um frio da gota hoje (= hoje está muito frio); peguei um engarrafamento da peste até o trabalho (= peguei um engarrafamento gigantesco).

De com força: na verdade, a forma “de com força” é só para os intelectuais. No popular é “dicumforça” mesmo (assim, tudo junto e escrito errado). Significa com muita vontade. Sexta que vem eu beijarei o namorado dicumforça.

Fuleirar: não cumprir com o prometido, dar um bolo. Marquei de jantar com Siclano, mas ele fuleirou comigo.

Fuleiro: aquele que fuleira.

Massa: não é de pizza e nem macarronada. Massa é uma coisa muito boa. Os livros do Neil Gaiman são massa.

Menino buchudo: expressão usada para designar pessoas imaturas. Essa briguinha está parecendo coisa de menino buchudo da 4ª série.

Mundiça: agrupamento de pessoas sem educação. Só tinha mundiça na praia.

Oxe: esqueça as novelas da Globo. Ninguém fala “oxente”, é só “oxe” mesmo (porque somos um povo superlativo, mas gostamos de abreviar tudo). Interjeição usada para demonstrar que não se concorda muito com algo que foi dito.
- Todas as pessoas que estudavam com a gente na faculdade eram legais.
- Oxe, é porque não eram mesmo.
Há aqueles que falam apenas “xi”, são os populares “tá vazando?”.

Que só a gota e que só a moléstia: vide o verbete “da gota, da peste e da moléstia”. Geralmente são usadas na forma abreviada “que só”. Recife é quente que só.

Pense: ao contrário do que possa parecer, não é o imperativo do verbo “pensar”. Pense é usado para ironizar alguém (Meu chefe está nervoso. Pense que eu estou me tremendo de medo) ou para dramatizar algo. Menina, fiquei tão envergonhada que chega fiquei roxa. Pense!

Pirraia: criança, pessoa mais nova. Vou levar os pirraias ao cinema hoje.

Potoca: usada na expressão “conversar potoca”. Significa conversar besteira, jogar conversa fora. Adoro reunir os amigos para conversar potoca.

Solto(a) na buraqueira: galinhar, ficar com todo mundo. Desde que terminou o namoro, fulana está solta na buraqueira.

Virado no mói de coentro: também pode ser usado apenas “virado”. Encapetado, endiabrado, agitado. Esse pirraia é virado no mói de coentro.

Vixe: interjeição de espanto. Vixe, essa casa está uma zona.

Vôte: vide “Vixe”.



Por Lady Sith às [11:44]

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