Por Lady Sith às [15:56]
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[20.4.07]
[O pudim da discórdia]
- Boa tarde, senhora. Caixa disponível.
- Boa tarde. Eu quero um combinado n° 6, por favor.
- Pois não, senhora. Estamos com uma promoção. Na compra de um combinado n°6 a senhora leva um pudim de sobremesa. Com ou sem chantily?
(Eu abomino chantily e detesto pudim. Pudim com chantily seria, para mim, a pior sobremesa de todos os tempos).
- Olha, eu não gosto de pudim. Prefiro não levar.
- Xiii, e agora?
- O que foi?
- A senhora tem que levar o pudim.
- Mas eu não como pudim. Não gosto mesmo. Provavelmente jogarei no lixo. Não seria melhor ficar aqui para vocês venderem para outra pessoa?
- Mas é a promoção.
- Eu sei. É que eu detesto pudim e estou tentando evitar o desperdício.
- Mas a senhora tem que levar o pudim. É a promo...
- Olha, eu sei que é a promoção. Mas eu comprei o combinado n° 6 por casa do sanduíche e do suco, não pelo pudim.
- Então a senhora quer comprar o suco e o sanduíche separados? São x reais a mais, senhora.
- Eu não quero comprar separado. Só não quero levar o pudim.
- Mas a senhora tem que levar o pudim. É a promo...
- Promoção, já sei. E se eu pegasse o sanduíche e o suco e saísse correndo, deixando o pudim para trás? O que você faria?
- Hã!?
- Esquece. Eu levo o pudim, vai.
- A senhora vai comer agora ou é para viagem?
- (incrédula) Para viagem.
Esse pessoal que trabalha em rede de fast food fica meio bitolado, só pode. Qualquer coisa fora do roteiro os deixa completamente perdidos.
Por Lady Sith às [09:32]
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[13.4.07]
[Feliz]
Sabe aqueles dias em que você acorda feliz? Você simplesmente se sente feliz, mesmo que não tenha nenhuma razão especial para isso? Pois é, hoje eu acordei feliz. Depois de mais de um mês e meio finalmente consegui iniciar um dia sem maldizer o despertador ou esse lugar que não é a minha casa e onde eu não queria estar, sem xingar mentalmente as pessoas que atravessavam o meu caminho, sem desejar poder me materializar para um futuro próximo quando este dia já teria passado e eu poderia voltar a dormir.
Hoje eu acordei feliz e, pela primeira vez em mais de uma semana, não tive dor de cabeça. Encontrei um restaurante perto do trabalho, que serve uma comida deliciosa e não cobra absurdamente caro, que estava vazio - o que me permitiu não ter que almoçar olhando para a cara de algum completo estranho - e que tem donos que conversam com você, fazem piada sobre aquelas velhas reportagens sobre a sexta-feira 13 e te tratam com educação, ao contrário daquelas pessoas que mal olham para sua cara, não respondem ao seu "boa tarde", grunhem o preço e atiram o troco de qualquer forma na sua mão.
Hoje eu acordei feliz e finalmente resolvi prestar atenção nos lugares por onde eu passo todos os dias. Por conta disso, vi que do lado do prédio onde eu trabalho tem uma livraria enorme e linda, que lembra aquela onde a Audrey Hepburn trabalhava em Cinderela em Paris. E lá eu encontrei o volume 2 do Watchmen que eu procurava, sem sucesso, há muito tempo.
Hoje acordei feliz e decidi matar a minha vontade de comer churros. Encontrei um carrinho e decidi ignorar aquela voz na minha cabeça que dizia "não coma isso, você vai engordar" e comprei um. Comi um churro delicioso, com um ótimo recheio de doce de leite e, por incrível que pareça, não senti nenhuma culpa.
Hoje eu acordei feliz e não tive dor de cabeça, conheci pessoas simpáticas, comprei o livro que queria e comi uma guloseima sem um pingo de culpa. Só posso concluir que acordar feliz faz bem. Espero despertar me sentindo assim mais vezes.
Por Lady Sith às [13:37]
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[9.4.07]
[Pensamentos aéreos]
Que bom que consegui um lugar na janela. É sempre um ótimo lugar para viajar. Primeiro, porque dá para se distrair um pouco olhando a paisagem. Segundo, porque você não precisa levantar toda hora para que pessoas que só podem ter uma incontinência urinária muito séria possam ir ao banheiro de 15 em 15 segundos. O único problema é que sempre que eu sento na janela é batata que os dois outros lugares da fila serão ocupados por crianças escandalosas e buliçosas. Acho que vou começar a fazer pensamento positivo para evitar que isto aconteça desta vez. “Tomara que não sentem duas crianças barulhentas ao meu lado, tomara que não sentem duas crianças barulhentas ao meu lado, tomara...” Se bem que sempre que eu penso uma coisa, acontece outra. É sério! Acho que o Deus dos pensamentos positivos resolve me pregar uma peça e faz sempre o contrário do que peço. Ahá, então eu pensarei o contrário. “Tomara que sentem duas crianças barulhentas ao meu lado, tomara que sentem duas crianças barulhentas...”
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“... sentem duas crianças barulhentas ao meu lado”. Que bom, acho que está dando certo. Já está quase na hora da decolagem e ainda não sentou ninguém aqui. Se bem que aqueles dois caras parecem estar vindo pra cá. E vieram mesmo. Nossa, eles estão usando umas roupas, digamos, um tanto exóticas. Será que pega mal eu perguntar se tinha camisa para homem na loja onde eles compraram? Bom, melhor não arriscar.
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Ah, eles são franceses! Turistas, isso explica o gosto equivocado para roupas. Franceses... Acho que essa já é a quarta vez que eu viajo ao lado de um francês. Isso só contando os vôos domésticos. E olhe que eu nem viajo tanto assim. Quais as chances de isso acontecer? Acho que são poucas. Deve ser uma espécie de carmABAIXA ESSE BRAÇO PELAMORDEDEUS! Cruzes, que fedor. Agora vou ter que passar o resto do vôo fazendo pensamento positivo para que esse cara não precise levantar os braços pelas próximas duas horas.
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Olhe só que desfaçatez: a pessoa pega um vôo na hora do almoço, paga quase 500 reais por uma passagem e a única coisa que tem para comer é um pacotinho de amendoim (blergh). Depois a companhia aérea alega que tem um baixo custo para poder vender passagens mais baratas. Me engana que eu gosto.
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Estou começando a repensar aquilo que falei anteriormente sobre as janelas. Tá bom, no início e no fim do vôo é até interessante ficar olhando lá para baixo, mas o durante é um saco. Não tem nada acontecendo. Água, água, um pedacinho de terra, mais água, alguns barcos bem diminutos, uma imensidão de água, mais um pedacinho de terra, outros barcos, água, água, água. Realmente, é uma distração sem fim. Acho que vou brincar de contar os barcos lá em baixo. Acabamos de passar por uns cinco navios. Mais três. Agora foram quatro. Se bem que um deles não parece ser barco. Ele tem uma cor diferente e se move de um jeito estranho. Parece mais uma lula gigante... Cara, eu não acredito que estou vendo uma lula gigante de perto! Ok, não tão de perto já que eu me encontro a alguns pés de altura, mas definitivamente não é uma coisa que a gente vê todo o dia. Se bem que nem deve ser uma lula gigante: elas devem nadar em águas mais profundas e eu nunca ouvi falar desses bichos na costa brasileira. É, é impossível ser uma lula gigante. Mas é que ela está se movendo tão sorrateiramente. E está atacando o outro barco! Cara, eu não acredito que estou presenciando um ataque de lula gigante de perto!
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Que vontade de comer Bono de chocolate. Deve ser essa maldita música do U2 que não me sai da cabeça.
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Esse tempo que não passa. Acho que vou ler alguma coisa. O rótulo da água mineral, uma leitura deveras interessante. Composição química, blá, blá, blá, envasada por Beltrano indústria brasileira, blá, blá, blá, água radioativa da fonte tal... Peraí, água radioativa!? Nunca ouvi falar nisso. A mistura de água radioativa com amendoim deve até gerar mutações. Legal, vou virar uma X-Men.
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Que tédio, meu Deus. Se eu ainda conseguisse dormir como o francês aqui do lado. Ele está dormindo tão bem que chega a estar de boca aberta, só falta babar. Acho que vou fazer umas bolinhas de papel e tentar encestar na boca dele. Taí um passatempo divertido. Se bem que é capaz do francês que está acordado achar ruim. Já imaginou se eu causo um incidente diplomático? Já estou vendo a manchete dos jornais: Governo francês exige condenação de brasileira que matou um cidadão francês asfixiado com bolinhas de papel. Melhor arranjar outra coisa para fazer.
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Finalmente está chegando. Acho que da próxima vez trarei um livro. Só assim para eu não pensar tanta besteira...
Por Lady Sith às [14:58]
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