[12.7.06]

[Vergonha alheia]


Sabe como é sentir vergonha por atitudes tomadas por outras pessoas? Eu sei. E como. Não sei se é por causa da minha timidez ou do meu senso de ridículo super desenvolvido, mas eu sinto muita vergonha alheia. Quando vejo alguém fazendo, com toda a naturalidade do mundo, algo que me deixaria constrangida, não tem jeito: já fico com o rosto quente, as bochechas vermelhas, solto alguns risinhos nervosos e tenho vontade de sair correndo para pegar um lençol para esconder a pessoa e evitar que ela continue fazendo aquele papel embaraçoso em público.

Existem muitas coisas que me fazem sentir vergonha alheia. Algumas delas são mais gerais e outras são situações bastante específicas. Entre as generalidades, uma das piores coisas são tombos. Como pessoa estabanada que sou, já levei muitos tombos nessa vida. Então consigo me colocar perfeitamente no lugar da pessoa que leva uma queda. Muitas vezes, não tenho nem vontade de rir quando alguém cai. Fico com tanta vergonha que vou logo ajudar a pessoa a levantar para ver se ela vai logo embora. Mas tem gente que adora prolongar a minha agonia e fica explicando o porquê de ter caído. Por que será que eles fazem isso? Eu não me sentirei nem um pouco melhor sabendo que a culpa foi do salto que prendeu em um buraco, dos desníveis da calçada ou da falta de atenção com os degraus da escada. Você está caído de quatro no meio da rua! Será que eu sou a única que está constrangida?

Outra coisa que me deixa deveras acanhada são indivíduos que dão escândalo em público. Podem ser casais de namorados discutindo, amigos brigando porque acharam a divisão da conta injusta ou desconhecidos se agredindo devido a alguma provocação. Qualquer situação que leve uma pessoa a levantar a voz e fazer com que gente completamente estranha tome conhecimento de assuntos que são íntimos me fazem ficar constrangida. E eu tento disfarçar, procuro não ouvir o que está sendo dito ou não prestar atenção na briga, mas não dá. As vozes elevadas e os gestos chamam a minha atenção e eu fico olhando aquilo e me torturando, enquanto sinto uma vergonha absurda.

Mas ultimamente nada tem me feito ficar mais embaraçada do que duas senhoras que fazem ginástica na praia. Eu explico: todos os dias fico esperando a minha carona para o trabalho na praia. De uns meses para cá, duas senhoras com seus cinqüenta e tantos anos passaram a fazer exercícios no calçadão. O problema é que elas fazem coisas completamente malucas com uma sincronia de fazer inveja as melhores equipes de nado sincronizado do mundo. Alguns exercícios são tão esdrúxulos que eu cheguei a dar nomes para alguns deles, como "adoração ao sol", "perna mole", "barrigada" e "fechando mala cheia". Então eu vejo diariamente duas senhoras com roupas de cores berrante apertadas, com a barriga de fora, fazendo movimentos completamente estapafúrdios e em posições constrangedoras. E observo que algumas pessoas passam fazendo aquela cara de quem está se esforçando para segurar o riso. Fico imaginando se elas também inventam nomes para os exercícios e isso me faz ficar com mais vergonha ainda por elas. Tenho vontade de me oferecer para pagar uma mensalidade de academia para cada uma, só para poder me ver livre desse tormento.

No entanto, esta segunda-feira aconteceu algo que conseguiu superar as senhorinhas atletas no quesito grau de vermelhidão das minhas bochechas. Como meus leitores sabem, sou uma administradora formada desde o mês passado, mas as solenidades estão acontecendo todas essa semana. Segunda foi a aula de encerramento e uma parte do evento consistia no discurso da oradora de descerramento da placa. Nenhuma vergonha alhei que eu tenha sentido nessa vida poderia ter me preparado para aquele momento. A garota fez o discurso inteiro com voz de loura burra, soltou frases que nem a pessoa mais besta do mundo teria coragem de dizer - "pensei que ser oradora de descerramento da placa era só puxar um paninho" - ficou mandando beijos e chegou a empinar a bunda e dar uma leve rebolada em certos momentos. Além disso, foi "puxar o paninho" ao som de um coro de "tira, tira" entoado pelo bando de homens que fazem parte da turma. Minha vontade foi sair correndo do auditório só para não ter que assistir a esse espetáculo. Nunca em toda a minha vida senti tanta verhonha por outra pessoa. Ainda bem que não receberei o DVD com essa pérola.


Por Lady Sith às [14:19]

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